Aparelho com entrega gratuita foi aprovado por pesquisadores da
UFSCar.
Novo sistema funciona como um microfone sem fio e custa até R$ 8
mil.

Estudantes com deficiência auditiva da rede pública terão acesso ao sistema
de frequência modulada pessoal, uma tecnologia que facilita o aprendizado em
sala de aula. O Ministério da Saúde decidiu oferecer o sistema pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) desde o mês passado. A eficácia foi comprovada por
pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de
São Carlos (UFSCar).
O aparelho funciona como um microfone sem fio, que
leva a voz do professor direto para o aparelho de audição da criança. A
tecnologia, desenvolvida na Suíça, custa até R$ 8 mil e será oferecido de graça
pelo Governo Federal.
O aluno Guilherme, de 12 anos, tem dificuldade pra
ouvir e a comunicação com os colegas é por libras, a linguagem brasileira de
sinais. Ele também usa um aparelho que amplia os ruídos do ambiente, que em vez
de ajudar, pode atrapalhar em algumas situações, já que o ouvido da criança fica
muito sensível a qualquer tipo de barulho, bem comuns nas salas de
aula.
“Eles vêem alguma coisa diferente, querem conversar um com o outro
ao mesmo tempo, tem que chegar e falar calma, gente, para”, comentou o professor
Luís Augusto Krepski.

Sistema de frequência modulada deve ajudar
no
aprendizado de alunos (Foto: Reprodução/EPTV)
Além do ruído, outro problema que pode atrapalhar o aprendizado é a distância
entre o professor e o aluno. O sistema de frequência modular reduz o ruído da
sala de aula e funciona como um microfone sem fio.
“O professor fica com
o transmissor e com o microfone, que capta a sua voz. Esse sinal é encaminhado
por rádio frequência para o receptor, que é uma peça acoplada no aparelho
auditivo do aluno”, explicou a pesquisadora da USP, Regina
Tangerino.
Teste
O equipamento foi testado durante
seis meses com mais de 200 alunos entre 5 e 17 anos de escolas públicas de todo
o país, incluindo estudantes de Campinas, Ribeirão Preto, Botucatu, Lençóis
Paulista, Prudente e Bauru (SP). “O que se observou é que os alunos ficaram mais
focados na voz do professor e mais focadas e alertas, com respostas mais
rápidas”, disse Regina.
A fonoaudióloga Patrícia de Godoy explica que o
aparelho ajuda no desenvolvimento de várias habilidades. “Trabalha na detecção
da fala, ajuda na localização, na atenção, concentração e aluno acaba tendo
melhor desempenho escolar”, comentou.
O aparelho de frequência modulada
também é uma esperança para Ester Santos, de 7 anos, que já está cansada dos
barulhos em sala de aula. “As crianças gritam e o fica um barulhinho que
atrapalho”, disse. Ela tem uma deficiência auditiva leve, o que já compromete o
aprendizado.
Como não tem condições de comprar o aparelho, a mãe aguarda
a chegada do equipamento na escola. “Vai ser bom para todas as crianças, não só
para as com dificuldades, mas para as outras e para as professoras, porque para
elas também não é fácil”, disse a dona de casa Sandra Santos, mãe de
Ester.
Liberação
Segundo o Ministério da Saúde, é
dentro da escola que começa o processo para liberação dos aparelhos. O
Ministério da Educação vai preparar professores para ajudar a identificar os
alunos que tenham problemas de audição.
Os estudantes serão encaminhados
para os postos de saúde para exames com médicos especialistas, que serão
responsáveis pela configuração do aparelho, se a necessidade for confirmada.
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