Profissionais traduzem as explicações didáticas para a língua de libras.
Número de profissionais licenciados para essa função ainda é insuficiente.

Na região de Itapetininga (SP), estudantes com surdez acompanham as aulas juntamente com os alunos sem deficiência. Para isso, um profissional em libras, a língua dos sinais para deficientes auditivos, também participa das aulas com o aluno especial para traduzir as explicações do professor.
Um dos estudantes beneficiados nesse programa de inclusão, desenvolvido em escolas estaduais, é Giovani Almeida Carriel, de 14 anos. A surdez não o fez alguém diferente. O silêncio também não é mais considerado uma barreira. Na sala de aula, o estudante da Escola Estadual Fernando Prestes está entre os mais empenhados e comunicativos. Somente nesta unidade de ensino são cinco alunos com surdez. Já na região, são 15 estudantes da rede pública estadual de ensino com acompanhamento de intérpretes.
De acordo com o professor de Ciências e Biologia, Elizeu Monteiro de Souza, que não é especialista em libras, a presença do interprete é fundamental, pois permite que o aluno com deficiência tenha o mesmo desenvolvimento nos estudos do que os outros colegas de classe. “O intérprete aproxima bastante o aluno especial e consegue transmitir o que eu não consigo”, diz.Há dois anos, Carriel conta com a ajuda do interlocutor. Com isso, consegue entender melhor o conteúdo das matérias, facilitando o trabalho do professor que não se especializou.
Os estudantes que convivem com Giovani afirma que não existe preconceito, mas eles também acabam aprendendo mais com o jovem. “A gente aprende com ele e com o professor de libras”, diz Bruno Alves Cavalcante, de 13 anos.
O professor que acompanha Giovani é Adelson Paulino da Silva que é pós-graduado em libras. Segundo ele, o trabalho voltado para este tipo de deficiência é essencial na rotina do estudante surdo. “A língua portuguesa entra como a segunda língua para ele. A primeira língua é a libras e a segunda língua é a língua portuguesa. Então, tudo o que envolve a língua portuguesa é uma dificuldade para esses alunos. Eu procuro justamente fazer o meio de campo entre locução ou a tradução do português para a libras”, diz.
De acordo com a diretoria regional de ensino, esse tipo de apoio profissional em sala de aula só não é mais frequente na rede pública porque faltam profissionais especializados. Em nove municípios da região são 17 professores, sendo que 12 deles estão em Itapetininga. De acordo com a coordenadora do núcleo pedagógico de educação especial, Gisele Terezinha Ramos Pinto, para atender a demanda nas escolas, seria necessário mais pessoas com formação para atuar. “Nós temos na cidade muitas pessoas que sabem libra, dominam a libra, mas não têm a licenciatura, então estão faltando profissionais habilitados para estarem ocupando esse espaço”, afirma.
Para alunos como Giovani, o interesse de profissionais em trabalhar na área é a garantia de um futuro melhor. Por meio do professor, em libras ele afirma que o português é difícil e para escrever e aprender precisa de ajuda. “O professor me ajuda muito”, afirma o jovem.
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