Dez escolas de Rio Branco já oferecem a disciplina de libras.
O objetivo
do projeto é ampliar a inclusão social, até 2021.

As aulas são ministradas a partir da educação
infantil.
(Foto: Arquivo projeto )
O projeto Escola Acessível, Caminhos para o Bilinguismo propõe que até 2021
todas as escolas da rede municipal de Rio Branco incluam a Linguagem
Brasileira dos Sinais (Libras) como disciplina curricular. A implantação teve
início no ano passado, quando a Secretaria Municipal de Educação e o Ministério
Público firmaram acordo através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
A partir de 2012, as escolas municipais e municipalizadas começaram a
incluir, gradativamente, Libras no ensino. A coordenadora do projeto, Jucelma
Mourão, explica que aos poucos o projeto vai abrangendo as escolas. "Para não
prejudicar a rede de ensino municipal, a inclusão está sendo feita de forma
gradativa, começando com quatro escolas e progressivamente quatro escolas por
ano",diz.
Neste ano conta-se dez escolas que possuem o processo de ensino em Libras,
além disso, o TAC também impôs a criação de um Centro Municipal de Apoio ao
Surdo (CAS) que será responsável pelo suporte e oferecimento de cursos para a
comunidade. "O CAS vai oferecer cursos para quem tiver interesse em participar.
Assim, em pouco tempo, teremos pessoas habilitadas para fazer com que o projeto
cresça ainda mais nas escolas", explica Jucelma.
Para realizar as aulas, o centro municipal contratou cinco professores
temporários que se dividem para realizar as atividades. A coordenadora explica
essa divisão. "Esses profissionais são habilitados para aulas de libras, dois
deles trabalham diretamente comigo para a execução do projeto, os outros três
estão na organização do CAS para oferecer esses cursos à comunidade. O centro
vai funcionar fornecendo qualificação e formação dos profissionais que irão
atuar no ensino".
Jucelma tem pós gradução em Libras e mestrado em Linguagem e Identidade, ela
fez a primeira dissertação do estado que fala sobre o ensino especializado na
linguagem dos sinais. Atualmente ela coordena o projeto de bilinguismo e planeja
as aulas que são dadas nas escolas. "Uma vez por mês nos encontramos com os
professores, passamos aulas, depois o professor passa a aula novamente para
tirarmos dúvidas e mantermos a qualidade no uso e ensino dos sinais", diz.
As oficinas são ministradas em escolas ensino infantil que vão até o sexto
ano, antiga 5º série. Cada aula tem uma duração de 30 minutos e todos os
servidores da escola participam.A coordenadora do projeto explica que assim a
interação e inclusão é maior. "Quando a escola é contemplada com o projeto,
abrange a todos. Justamente para que o aluno se sinta acolhido para pedir um
suco, porque a merendeira vai poder olhar pra ele, entender e interagir sem
necessidade de um intérprete".

As oficinas duram meia hora. (Foto: Arquivo escola
)
O objetivo é atingir justamente as crianças pela facilidade de aprendizagem e
a formação de possíveis profissionais. "Nós não vamos ter tanta falta de
profissionais como os intérpretes, porque vai ser mais fácil encontrar pessoas
que se identifiquem com a língua. Imagina se você tem contato com essa língua na
sua pré-escola, o curso de intérprete será tão fácil como qualquer outro",
explica.
Jucelma resume a importância do projeto na inclusão social. "Além de ser bom
para o surdo, vai ser bom para o ouvinte, porque não vai ser mais um bicho de
sete cabeças quando encontrar uma pessoa que não fala nossa língua oral. Essa
parte social, no meu ponto de vista, é a parte mais interessante do projeto,
fazer com que crianças sintam-se à vontade para se comunicar com os colegas
surdos, sem ter aquela ideia pré-estabelecida de que o surdo não pode falar. Ele
sabe falar sim, mas nós falamos com ele dessa forma".
Professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE), Marcilane da
Rocha, trabalha com o ensino infantil e garante que a receptividade dos alunos
ao projeto é uma das melhores possíveis. " A aceitação deles é a melhor
possível, é um conteúdo e uma língua diferente. Prova disso é que quando eles me
encontram na rua repetem o que aprenderam na aula, cumprimentam na língua dos
sinais", finaliza.
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