Projeto de startup está entre as melhores tecnologias móveis do
mundo.
Hand Talk traduz texto, som e imagem para a linguagem de
libras.
Natália Souza Do
G1 AL
O projeto de três jovens alagoanos, que permite incluir socialmente
deficientes auditivos por meio de aplicativos para dispositivos móveis, deixou
de ser somente uma ideia no papel e está indo longe. Literalmente.
No próximo dia 2 de fevereiro, os empresários criadores do aplicativo
Hand Talk (mãos que falam, em tradução livre ao português) viajam para
Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, onde disputam a
fase final do WSA-mobile, prêmio internacional promovido pelas Organizações das
Nações Unidas (ONU), que acontecerá entre os dias 3 e 5 do mesmo mês.

Criadores do projeto de startup alagoana que é
finalista
em prêmio internacional (Foto: Raul
Plácido/Secom/Divulgação)
Considerado o Oscar da tecnologia móvel, o WSA-mobile contempla e promove os
projetos com melhores conteúdos e aplicativos on-line em diversas categorias.
Entre os 435 projetos de 102 países inscritos gratuitamente no prêmio, o Hand
Talk e o MyFunCity são os únicos representantes brasileiros na disputa. A
escolha do melhor app acontece através de votação no site da WSA.
De acordo com o diretor executivo da startup alagoana, o publicitário Ronaldo
Tenório, de 26 anos, apesar de gratuita, a inscrição segue alguns critérios de
seleção. “O WSA seleciona projetos que já tenham algum prêmio ou recomendação no
currículo. A conquista de um prêmio no evento Demo Day Alagoas, em agosto do ano
passado e depois no Info Rio, abriu as portas para o Hand Talk no WSA-mobile”,
disse. No mundo das startups, o "Demo Day" é um dia em que os empresários exibem
suas empresas para investidores e outros empreendedores.
O aplicativo está entre os 40 finalistas no geral e concorre com outros
quatro projetos na categoria Inclusão Social, o que, para os sócios-criadores,
já é uma vitória.
“Recebemos um selo que nos aponta como um dos cinco melhores aplicativos na
nossa categoria. No dia 4 de fevereiro apresentaremos o projeto no workshop do
evento e, no dia 5, sai o resultado da disputa”, contou Tenório.
Alagoas em evidência
De Alagoas para o mundo ou do mundo
para Alagoas? Ronaldo Tenório ainda se faz essa pergunta. Segundo o
publicitário, o WSA-mobile será uma ótima oportunidade de fazer contatos e
colocar o Estado no mitiiê da tecnologia. “É um orgulho representar
Alagoas e o Nordeste nesse concurso. Infelizmente, às vezes, é preciso ser
reconhecido lá fora para termos valor aqui”, afirmou.
O diretor de tecnologia do Hand Talk, Carlos Wanderlan, 30, concorda com o
sócio e afirmou ao G1 que há bons produtores tecnológicos em
Alagoas, mas faltava apoio governamental. “O prêmio é uma satisfação pessoal e
um reconhecimento de um trabalho executado. Esperamos que seja um marco para
atrair investidores para o Estado”, disse.
“Tínhamos muitas pessoas ligadas à área de tecnologia que produziam conteúdos
legais, mas acabavam indo para Pernambuco, onde o polo tecnológico é referência,
ou para outros estados, por causa da falta de incentivo do próprio mercado”,
completou Carlos, que conseguiu as passagens para Abu Dhabi com a Secretaria da
Ciência, Tecnologia e Inovação de Alagoas.

Startup traduz texto, som e imagem para
a
linguagem de libras (Foto: Hand Talk/Divulgação)
Tecnologia 3D
Hugo. Esse é o nome do boneco de aparência
simpática que será o interlocutor entre o Hand Talk e os deficientes auditivos
usuários da tecnologia. Os criadores realizaram estudos de linguagem corporal e
tiveram o cuidado de garantir que Hugo fosse um personagem atrativo.
“Usamos uma tecnologia 3D, onde chegamos à conclusão que Hugo deveria ser
magro, com uma cabeça grande e dedos finos para facilitar na gesticulação”,
disse o arquiteto e chefe de operações do Hand Talk, Thadeu Luz, 27.
De acordo com ele, o aplicativo não é só um dicionário ou tradutor gramatical
da língua portuguesa para libras. “Através de uma biblioteca de animação,
programada por um conjunto de mais de 300 palavras, o Hand Talk converte dados
de texto, som e imagem que são traduzidos em libras pelo Hugo”, contou.
Com a implementação de um recurso mais moderno, o aplicativo permitirá o
reconhecimento de caracteres de imagens, como outdoors, placas ou manchetes de
jornais para a conversão no Hand Talk.
Os jovens contaram com a ajuda de deficientes auditivos para o
aperfeiçoamento do sistema. Eles colaboraram com a tradução das palavras em
português para os sinais em libras.
Aplicativo gratuito
O projeto ainda está em fase de
conclusão e, segundo Thadeu, em agosto deste ano o Hand Takl deverá estar no
mercado. “No Demo Day usamos um protótipo e agora estamos em fase de negociação
com clientes em potenciais, como bancos, secretarias de Educação e quaisquer
empresas que queiram prestar acessibilidade para surdos e pessoas que convivam
com eles”, afirmou.
Além de incluir socialmente pessoas com deficiência auditiva no mundo
digital, o Hand Talk é um aplicativo gratuito e será disponibilizado em
dispositivos móveis e, de acordo com os sócios, em outros tipos de plataformas.
“A intenção é disponibilizar a tecnologia para totens em locais públicos e
outros tipos de sistemas”, afirmou Thadeu.
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