*Notícia encontrada
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Lucas Bernardino é 1º do estado a ter projeto aprovado no Parlamento
Jovem.
Ele quer ser deputado e diz que maioria dos jovens não quer saber de
política.
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Lucas teve projeto de lei aprovado no
Parlamento Jovem.
(Foto: Assessoria/Câmara Federal)
Um adolescente de 16 anos se destaca em meio aos mais de 57 mil que irão às
urnas pela primeira vez nas eleições municipais deste domingo (7), em Mato
Grosso. Lucas Martins Bernardino, que mora em Arenápolis, cidade a 255
quilômetros de Cuiabá, fez história ao se tornar o primeiro mato-grossense a ter
um projeto de lei aprovado no Parlamento Jovem da Câmara dos Deputados, em
Brasília.
Lucas propôs que o Ministério da Educação (MEC) incentive as universidades do
país a inserir na grade curricular dos cursos de licenciatura matérias
específicas para o trabalho com alunos deficientes. Para formatar o projeto, o
adolescente não precisou ir muito longe. Na sua escola, que conta com 466
alunos, ele percebeu a dificuldade no processo de aprendizagem de seis amigos
surdos-mudos. “O meu projeto é oriundo do meu convívio diário com eles que têm
muita dificuldade em aprender a ler. A minha ideia é formar os profissionais da
educação quando eles ainda estão na universidade”, afirmou.
A vontade em abordar a questão da deficiência no ambiente escolar aumentou
quando uma amiga dele precisou abandonar dois cursos universitários por falta de
intérprete em Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) dentro da sala de aula.
Outra amiga do jovem, que também é deficiente auditiva, viaja todos os dias de
Nortelândia até Arenápolis
para estudar por conta do mesmo problema. “Cada região tem uma necessidade
específica por profissionais capacitados para lidar com esse público. As
universidades por serem autônomas devem entender qual é a demanda para ofertar
essas matérias”, explicou.
Se por um lado, os alunos com deficiência têm dificuldades em aprender, do
outro os responsáveis pelo ensino, na visão do adolescente, não sabem o que
fazer dentro da sala de aula. “Os professores não estão capacitados. Quando
entram na sala, muitos dizem: o que eu faço?”, afirmou.
Para o jovem, o maior problema é a falta de interação entre professor e o
aluno que possui alguma deficiência. Para isso, no projeto de lei, o adolescente
propôs que durante o estágio supervisionado dos professores em formação seja
avaliado, justamente, o processo de interação em sala de aula. “O professor e o
aluno precisam ter uma interação. Muitos não conseguem entender a matéria e
quando se é deficiente é mais difícil ainda. No estágio, proponho que se tenha
uma nota para medir se realmente o professor conseguiu administrar os problemas
dentro de uma sala de aula com alunos deficientes”, salientou.
Lucas, ao lado de amigos com deficiência auditiva,
professores e intérpretes
(Foto: Arquivo Pessoal)
De acordo com a diretora da escola, Patrícia Joaquim Moraes Costa Brugnoli,
hoje, a escola atende todos os alunos com deficiência auditiva. Mas no contexto
geral, toda a escola precisa ser conscientizada em relação à inclusão desse tipo
de aluno. "Acredito que nós temos que promover e provocar uma educação
acessível. Todos nós temos que fazer a nossa parte. Na nossa escola, nós temos
três professores aptos a lidar com os alunos que são deficientes auditivos. Mas
vamos encaminhar mais professores a Cuiabá para se capacitarem”, afirmou.
Para integrar a 9ª edição do Parlamento Jovem da Câmara dos Deputados, Lucas
enfrentou uma pesada seleção. Ao todo, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc)
recebeu 25 projetos e, destes, selecionou quatro. Como Mato Grosso tinha apenas
uma vaga no parlamento, o Conselho Nacional de Secretários da Educação escolheu
apenas um representante do estado.
Em Brasília, Lucas enfrentou mais uma disputa acirrada. Dos 78 projetos
propostos de todo o país, apenas cinco poderiam ser aprovados. “O que valia era
a defesa do seu projeto. Eu defendi o meu projeto quatro vezes. Na Comissão de
Saúde e Segurança Pública o meu projeto foi o escolhido para ir direto à
plenária. Nessa fase, a líder da minha comissão fez a defesa e acabei
conquistando a aprovação”, disse. Agora, Lucas aguarda que seu projeto seja
apadrinhado por algum deputado federal para que efetivamente seja discutido e,
quem sabe, entre em vigor em todo o país.
Ser político
Ao G1, o adolescente
afirmou que a experiência na Câmara Federal o fez repensar as próprias
convicções. Ele não descarta, no futuro, se tornar um deputado federal. “A minha
visão de mundo, da política e os meus conhecimentos ampliaram depois do
parlamento. É um desejo meu seguir a carreira política. Se serei ou não, só o
tempo poderá dizer”, afirmou.
Na véspera das eleições municipais, porém, ele disse que impera em sua
geração um descrédito em relação à política brasileira. "Infelizmente, nós
sabemos que a juventude não se interessa por política, nem quer saber. Eles
votam porque o candidato deu alguma coisa a eles, apenas por isso",
salientou.

Última turma do Parlamento Jovem
Brasileiro
(Foto: Brenda Brandão/ G1)
Lucas mora com os avós em Arenápolis desde quando seus pais se separaram.
Além de ter representado Mato Grosso no Parlamento Jovem, o adolescente é um dos
responsáveis por recriar o Grêmio Estudantil que estava esquecido há anos na
Escola Estadual Senador Filinto Muller. A organização mudou o ritmo de vida dos
estudantes que agora contam com aulas de dança e teatro.
A avó do estudante, Josefina de Souza Bernardino, de 66 anos, enfatizou que o
neto é o orgulho da família. Ela ficou surpresa quando soube que Lucas iria
representar o estado na Câmara Federal. “É uma cidade tão pequena e com tanta
gente que se inscreveu ele se superou e teve essa capacidade. Eu acho tudo isso
muito legal para a vida dele”, disse.
O pai, um mecânico da cidade, contou ao G1 que até decidiu
emancipar Lucas pela responsabilidade que ele tem desde muito cedo. Segundo ele,
o filho nunca foi motivo de preocupação para a família. “Tudo que ele conquistou
até aqui é por mérito dele. Ninguém precisou ficar falando para ele fazer nada.
É realmente o nosso orgulho”, disse Silas Bernardino.
O adolescente está no 3º ano do Ensino Médio e disse que tem o sonho de
cursar direito ou jornalismo em uma universidade pública.
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