23/08/2012 11h25 - Atualizado em 23/08/2012 11h32
Paulo Sérgio Jardim voltou com o irmão para Sengés (PR), sua terra natal.
Encontro foi realizado nesta quarta-feira (22).

O homem surdo e analfabeto que mora há dois anos no Serviço de Obras Sociais
(SOS) de Itapetininga (SP) recebeu a visita de um irmão nesta quarta-feira (22).
Foi o primeiro contato com um parente desde quando ele foi encontrado às margens
da Rodovia Raposo Tavares, aparentemente perdido, no dia 23 de junho de 2010,
como mostra a reportagem.
Naquela ocasião, ele foi encontrado sozinho e sem nenhum documento. Como é
surdo, não consegue falar por causa da surdez e é analfabeto, a sua
identificação se tornou quase impossível. Desde aquela data, ele foi levado para
o SOS, onde aguardava por um contato da família.
O surdo foi reconhecido após a ligação de um vizinho do irmão dele, moradores
em Sengés (PR), quando viu a divulgação feita em uma rede social para encontrar
a família. Um promotor de Itapetininga, José Roberto de Paula Barreira, que
acompanha o caso do surdo, solicitou que a suposta família enviasse uma cópia de
documento para avaliação e confirmação do parentesco.
Uma cópia do documento de alistamento militar do surdo contendo o registro da
digital dos dedos dele foi enviada. Com data de outubro de 1988, o documento
passou por análise na capital paulista, sendo possível identificá-lo. Com o
resultado positivo, o surdo foi reconhecido como Paulo Sérgio Jardim, de 42
anos.
Os
dois passaram alguns minutos
conversando. (Foto: Carlos Alberto Soares/TV
Tem)
A partir disso, o SOS de Itapetininga e a assistência social de Sengés
providenciaram o encontro. Quem veio foi o irmão Célio da Cruz Jardim, de 45
anos.
Acompanhado de um funcionário da Prefeitura de Sengés, Célio se emocionou no
momento do reencontro. Os dois ficaram alguns longos minutos conversando por
gestos. O irmão conta que não sabia que o Paulo Sérgio estava desaparecido.
Ele explicou ao presidente do SOS, Élvio de Assis Camargo, que são em quatro
irmãos e seus pais morreram há alguns anos. "Célio contou que o Paulo morava com
ele, em uma casa na zona rural distante do Centro. Ele disse que o Paulo sempre
teve uma vida independente e que sempre saía, ficava alguns dias fora, e
voltava". Élvio diz que o irmão achava que ele estivesse viajando. Foi quando o
vizinho viu na internet que descobriu que o homem surdo estava perdido.
Nesta quarta-feira, Paulo Sérgio entrou no carro e partiu com o irmão Célio
de volta para casa, onde irá morar com o irmão em Sengés. "O bom é que o irmão
compareceu e levou ele para casa. Viver com a família é o ideal para qualquer
pessoa", completa o presidente do SOS.
Célio comenta que está feliz em reencontrar com o irmão. "O melhor é que
encontrei ele com saúde e bem cuidado. Agora ele estará comigo. Eu que serei
responsável por ele", diz o irmão.
A campanha na internet
Quem fez a divulgação na internet
que resultou no encontro da família do homem surdo foi Alexandre Henrique dos
Santos. Ele é instrutor de Língua Brasileira de Sinais (Libras) em uma entidade
beneficente em Sorocaba (SP).
O instrutor foi um dos primeiros a ser chamado quando encontraram o homem
surdo na rodovia. "Quando perceberam que ele era surdo, me chamaram para nos
comunicar. Quando tentei, vi que ele era analfabeto, tanto em Libras, como em
Português", comenta.
Novo registro
O promotor José Roberto Barreira chegou até
a fazer o pedido de um registro tardio, documento que autoriza a dar uma nova
identidade para uma pessoa.
Sem documentos, o homem surdo não conseguia receber os serviços mais básicos,
como atendimento médico ou ajuda de entidades beneficentes, já que para isso, é
necessário fazer cadastro.
O nome que ele iria receber seria "Carlos Prestes Albuquerque". De acordo com
o promotor, o nome seria em homenagem à Júlio Prestes de Albuquerque, político
famoso da cidade na década de 1930, quando chegou a ser eleito presidente, mas
que não conseguiu tomar posse, impedido durante a Revolução de 1930.
* Com colaboração de Carlos Alberto Soares/TV Tem
Célio, à esquerda da foto, veio buscar o irmão
Paulo
Sérgio que estava no SOS há mais de dois anos.
(Foto: Carlos Alberto
Soares/TV Tem)
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